Depois de 22 dias fechados por determinação judicial, os portões do Edifício Holiday, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, foram abertos, nesta sexta-feira (3). Uma visita técnica foi autorizada pelo juiz Luiz Rocha, da 7ª Vara da Fazenda Pública da Capital, responsável pela interdição. Um grupo de voluntários esteve no prédio para iniciar um relatório das obras a serem realizadas. (Veja vídeo acima)
Riscos estruturais, inadimplência do condomínio e ligações elétricas clandestinas foram motivos apontados pela Justiça para determinar a interdição. Os problemas no Holiday se arrastam desde os anos 1990.
Voluntários fizeram vistoria no Edifício Holiday, na Zona Sul do Recife — Foto: Reprodução/TV Globo
Alguns moradores foram ao edifício para acompanhar a vistoria. Eles lutam para sobreviver fora de suas casas. Ao todo, 12 voluntários estão no grupo, entre engenheiros, eletricistas, arquitetos e pedreiros. O trabalho é coordenado pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife.
Segundo o coordenador da comissão, Antônio Carlos Maranhão, ainda não há um projeto definitivo para as obras no Holiday. O relatório precisa ser apresentado aos órgãos fiscalizadores para, só assim, serem iniciadas ações de captação de recursos e as construções. A reforma, segundo ele, pode durar até um ano. "Nossa vistoria é para identificar avarias e danos e verificar a melhor forma de executar um projeto de recuperação. Esse é o primeiro passo para tomar medidas efetivas de recuperação do Holiday e entregá-lo, na medida do possível, aos moradores. Um levantamento está sendo feito para verificar quem é proprietário e quem tem direito a usucapião, por morar há muitos anos no edifício", afirma.
Antônio Carlos Maranhão é coordenador da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife — Foto: Reprodução/TV Globo Ainda segundo Antônio, o projeto elétrico do edifício está em processo de conclusão. O prédio teve a interdição determinada pela Justiça uma semana depois de um curto-circuito que deixou os moradores sem luz e sem água. "O projeto elétrico está praticamente pronto, porque os andares são iguais. Ele foi apresentado e está em fase de discussão com a Celpe. Existe outro projeto de combate a incêndio, para-raio, fornecimento de água e algumas colunas, que segundo moradores estão danificadas. É um prédio de mais de 60 anos, que realmente necessita de algumas reformas", diz Antônio.
A advogada do condomínio convidou representantes da prefeitura e do governo do estado para acompanhar a visita, mas eles não compareceram.
O síndico do Holiday, Rufino Neto, está tentando arrecadar dinheiro para garantir a recuperação do prédio e a volta dos moradores. Ele estima que são necessários R$ 500 mil para a recuperação. Até agora, foram arrecadados R$ 10 mil.
"Estamos pedindo doações de materiais elétricos, cimento, areia, tudo o que vier é bem-vindo. Estamos vendendo camisas e pensando em eventos para favorecer o Holiday. Agora é a hora de trabalhar", afirma Rufino.
Moradores recolheram correspondência no Holiday — Foto: Reprodução/TV Globo Os projetos de recuperação devem começar assim que houver dinheiro suficiente. Nesta sexta-feira, como em todas as sextas feiras, os moradores voltaram ao Holiday para pegar a correspondência. Bernadete Oliveira é proprietária de dois apartamentos no prédio e afirma que está sem renda desde a interdição. "Eu tenho coisas para pagar, não recebo dinheiro do lugar nenhum e minha fonte de renda eram os apartamentos. Algumas pessoas dizem que querem comprar, outros, que vamos poder voltar. Eu gostaria que me entregassem meus apartamentos para que eu pudesse alugar e ter minha renda de volta", diz.
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