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Soldados indígenas protegem fronteira brasileira

24 de janeiro de 2018

/ by visao surubim
Segundo o site https://dialogo-americas.com: O Primeiro Pelotão Especial de Fronteira conta com soldados indígenas da etnia Tiriós no seu efetivo para garantir a proteção da fronteira do Brasil com o Suriname.Militares do Exército Brasileiro e indígenas da etnia Tiriós atuam lado a lado na vigilância e proteção da faixa de fronteira com o Suriname. (Foto: Exército Brasileiro)
O Exército Brasileiro (EB) mantém, desde a sua formação, em 1648, um vínculo de parceria com os indígenas brasileiros nas matas e nas fronteiras do Brasil. O Primeiro Pelotão Especial de Fronteira (1º PEF) é um exemplo dessa união.
Os soldados indígenas auxiliam no contato com os nativos das 23 aldeias da região. (Foto: Exército Brasileiro)
A unidade, instalada no Parque do Tumucumaque, localizado nos estados do Amapá e do Pará, tem a função de vigiar a faixa de fronteira noroeste do Brasil com a República do Suriname e conta com a ajuda dos indígenas da etnia Tiriós. O parque é uma área de conservação com quase 4 milhões de hectares na região da fronteira norte do Brasil.
O acesso ao local onde está instalado o 1º PEF, no Pará, só é possível por meio aéreo, já que os rios são navegáveis apenas nas épocas de cheia, entre março e julho. As cidades mais próximas são Macapá, capital do Amapá, a 594 quilômetros, e Belém, capital do Pará, localizada a 940 km. Cerca de 2.000 indígenas de 23 tribos diferentes da etnia Tiriós residem no local e vivem do plantio, da colheita, da pesca e da caça.
O 1º PEF é subordinado ao Segundo Batalhão de Infantaria de Selva do Exército Brasileiro (2º BIS) – Batalhão Pedro Teixeira –, localizado em Belém. Ele é formado por aproximadamente 50 militares, dentre eles 12 soldados indígenas da etnia Tiriós, que agregam à equipe seus conhecimentos da selva, fundamentais diante das peculiaridades da região amazônica.
Segundo o Coronel do EB Eduardo da Veiga Cabral, comandante do 2º BIS, o efetivo do 1º PEF é substituído a cada 60 dias e o médico da equipe a cada 30 dias. “Apenas os 12 militares indígenas é que permanecem fixos na sede administrativa”, disse o Cel Veiga. “Mantemos um pelotão de infantaria reforçado com militares que possuem habilidades essenciais ao bom andamento dos serviços gerais, da vida administrativa da unidade, além do pessoal de saúde necessário ao atendimento básico.”
O 1º PEF foi instalado em 2003, mas desde 1985 iniciaram as primeiras expedições para o reconhecimento da região e implantação da unidade militar. “O objetivo foi garantir a soberania na faixa de fronteira com o Suriname, país vizinho e amigo, por intermédio da ocupação, presença e vigilância na região, além de prestar apoio às comunidades indígenas e cooperar com o desenvolvimento regional”, revelou o Cel Veiga.
Vida na selva
O 1º Tenente do EB Josué Sobreira de Medeiros já esteve no comando do 1º PEF por duas vezes e revelou à Dialogo as principais atividades executadas no local. “São feitas missões de patrulhamento e de reconhecimentos terrestre, aéreo e fluvial, bem como a defesa das dependências, a manutenção e preparação das instalações e materiais e o apoio aos indígenas locais, por meio de ações cívico-sociais. Também realizamos instruções para adestrar o preparo e o emprego da tropa na selva”, explicou o 1º Ten Medeiros.
O acesso ao 1º PEF só pode ser feito por meio aéreo. A troca das equipes e os suprimentos chegam ao local com o apoio da Força Aérea Brasileira. (Foto: Exército Brasileiro)
O oficial destacou a importância da estrutura logística montada para suprir a necessidade do efetivo pelo período de 60 dias ininterruptos em que permanecem na sede administrativa, no Parque Tumucumaque. “O apoio logístico é realizado por uma aeronave da Força Aérea Brasileira que viabiliza a troca das equipes e o suprimento emergencial de alimentos, materiais e máquinas”, disse o 1º Ten Medeiros.
Para o 1º Ten Medeiros, ter os indígenas integrados ao EB, como soldados, é muito importante para facilitar o contato com a comunidade indígena da região. “Eles possuem os costumes da população local e falam o dialeto”, explicou e acrescentou que a relação do efetivo do 1º PEF com a comunidade indígena é amistosa e baseada na reciprocidade de apoio.
Adaptação à vida militar
Quando o Soldado do EB Elton Kunumiwa Kaxuyana Tyrió se tornou militar passou a ter mais responsabilidade. “Na tribo não temos horário para cumprir, nem que trabalhar todos os dias. Como militar, isso é diferente”, reforçou ele. O Sd Elton opera como fuzileiro, mas já exerceu outras atividades desde que se tornou militar. “Já fui intérprete nas visitas dos militares às aldeias da tribo Tirió, guia na região e piloto das embarcações do 1º PEF”, disse.
O Sd Elton revelou também que fazer parte do EB é importante para a proteção da terra e para prestar assistência ao povo da sua aldeia. “Na tribo é bom ter índios militares, pois ajudamos nossas famílias com os salários e somos um exemplo para os índios mais jovens. Além disso, aprendemos a treinar e nos comportarmos diferente do restante da tribo. Nossos chefes gostam porque ficamos mais preparados para proteger nossa aldeia”, revelou o Sd Elton.
“Os soldados indígenas são vibradores e se destacam em diversas atividades”, disse o Cel Veiga. Ele explicou que os índios recebem o mesmo treinamento dos demais soldados. “Primeiro passam por um período de instrução individual básica e, posteriormente, são qualificados como soldados para exercer as funções operacionais e logísticas de uma unidade militar”, disse.
De acordo com o Cel Veiga, a adaptação dos indígenas foi rápida e os 12 soldados do pelotão estão perfeitamente integrados à rotina militar. “Eles vêm de uma cultura indígena já hierarquizada em sua etnia, o que facilita o processo”, contou.
O Cel Veiga explicou que a forma de ingresso dos índios segue o mesmo processo de seleção relativo à prestação do serviço militar, que prevê o alistamento de homens a partir dos 18 anos de idade. “Quando vai ocorrer a seleção, é deslocada até o 1º PEF uma equipe da Comissão de Seleção da 8ª Região Militar, que seleciona os cidadãos indígenas que cumprem os parâmetros para a prestação do serviço militar e que sejam voluntários”, disse e acrescentou que os militares indígenas prestam o serviço militar inicial e depois podem permanecer no serviço militar temporário por um período de até sete anos.

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