As mulheres ganham cada vez mais espaço na vida militar. Depois de concluir diferentes cursos de especialização na infantaria do Uruguai, mulheres militares uruguaias se posicionaram como pioneiras da centenária unidade. O Batalhão de Infantaria Blindado Nº 13 do Exército Nacional do Uruguai se transformou, não apenas com a transferência em 2013 de seu quartel em Montevidéu para um novo assentamento em Durazno, no centro do país, integrando uma brigada blindada formada também pelo Regimento de Cavalaria Blindado Nº 2 e pelo Batalhão de Infantaria Mecanizado Nº 15, mas também com uma visão doutrinária mais inclusiva.
No momento da mudança aconteceu uma situação particular. A unidade tinha um número muito reduzido de integrantes para enfrentar as diferentes tarefas atribuídas pelo comando superior e muitas vagas desocupadas. Nesse contexto, as mulheres não estavam isentas das regras e precisaram adaptar-se, particularmente com os horários e as missões atribuídas, o que permitiu conhecer o princípio da complementaridade.
“Mais além das particularidades de cada indivíduo, podemos generalizar que as mulheres são mais cuidadosas com a higiene, mais meticulosas, mais organizadas e mais detalhistas. Isso não se aplica somente na área administrativa, mas em todos os âmbitos, incluindo em um blindado”, disse à Diálogo o Tenente-Coronel do Exército Nacional do Uruguai Jorge Porciúncula, comandante do Batalhão de Infantaria Blindado Nº 13. “Por outro lado, a simples presença da mulher estimula o homem a se esforçar mais e o mesmo ocorre no sentido contrário.”
O Ten Cel Porciúncula garantiu que, no futuro, o princípio de complementaridade continuará sendo aprofundado, já que a seu critério o objetivo dos líderes é encontrar em seus integrantes as maiores virtudes para conseguir resultados para o grupo. Levando em conta esse pensamento, as mulheres foram incluídas no treinamento que, historicamente, era realizado somente por homens, considerando-se que o mais importante na instrução não é o resultado em si, mas o esforço pela conclusão da tarefa.
“Espera-se que cada militar dê um pouco mais do que pode naturalmente, já que se trabalha considerando o aspecto anímico e isso o prepara para não diminuir a vontade de combater diante da adversidade. Por outro lado, a fortaleza não está sempre na capacidade física e na força, mas também na inteligência, na iniciativa e na criatividade, porque a profissão militar tem muito de ciência, mas também tem muito de arte”, expressou o Ten Cel Porciúncula.
Fazendo história
A 2º Tenente do Exército Nacional do Uruguai María Eugenia García, que cumpre seu primeiro ano como oficial graduada na Escola Militar, opera como chefe de pelotão. Ela tem sob sua responsabilidade 15 soldados e quatro tanques M-24. Nessa função, ela deve trabalhar na formação profissional de sua tripulação.
A oficial explicou que sua vocação pela carreira militar começou quando ainda era criança, por ter integrantes do Exército na família. “Cresci em um ambiente militar; é o que gosto de fazer pelos valores que a instituição representa, particularmente a infantaria”, explicou a 2º Ten García. “Sempre quis me dedicar aos blindados e aqui tenho a oportunidade de fazer isso”, acrescentou.
Sobre o processo de adaptação em ambiente predominantemente masculino, ela explicou que, no início, teve certa dificuldade. “Posteriormente, cada um vai ganhando seu lugar. No Exército, cada militar que conclui um curso é realmente merecedor dessa conquista, independentemente do gênero ao qual pertence.” A 2º Ten García tem como meta continuar avançando em sua carreira para complementar sua formação profissional de blindados em Fort Benning, na Geórgia, Estados Unidos.
A Cabo do Exército Nacional do Uruguai Silvia Machado concluiu a instrução correspondente para operar como chefe de carro, cuja responsabilidade é a de guiar a tripulação. Ela também tem familiares militares que influenciaram sua decisão de ingressar no Exército, com o objetivo de pertencer à companhia de tanques. “Ganhei o respeito dentro da companhia como um integrante a mais e agora vou me inscrever para entrar na escola de suboficiais para fazer o curso de sargento”, disse. “Depois de aprovada, quero voltar à minha unidade, continuando com a missão à qual me designei”, acrescentou a Cb Machado.
A Soldado do Exército Nacional do Uruguai Melisa Mor entrou no Batalhão de Infantaria Blindado N.º 13 como enfermeira. Por iniciativa própria, solicitou a seu superior realizar o curso de carregador de munições de tanque M-24, no qual foi aprovada para cumprir hoje a função de carregadora de tanque. Ela tem a responsabilidade de realizar um exercício ou combate, de cuidar para que a munição esteja em ótimas condições e então colocá-la no canhão, além de colaborar com a tripulação.
“É importante que todos os que fazem parte da tripulação estejam atentos e trabalhem em equipe e isso se consegue com o treinamento”, disse a Sd Mor. “No meu caso, sinto muito orgulho porque nunca imaginei que poderia alcançar este objetivo de estar dentro de um tanque, porque sou enfermeira. Ao participar dos exercícios, sempre tive a inquietação de saber o que se sentia. Com o apoio dos meus superiores e colegas, consegui ser a primeira mulher carregadora da unidade”, acrescentou.
As mulheres militares alcançaram a meta de cumprir uma tarefa da mesma forma que os homens, por mérito próprio. Elas fazem parte da história do batalhão ao qual pertencem e do Exército do Uruguai.
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