Fernando Bezerra, por exemplo, joga com uma candidatura própria, a do filho, o ministro Fernando Coelho, mas não será surpresa se aceitar a vaga de vice, para o próprio filho, na chapa de Paulo Câmara. Sua própria candidatura a governador está praticamente descartada por causa das denúncias envolvendo seu nome na operação Lava Jato.
Já o PSDB tem como interlocutor o ministro de Cidades, Bruno Araújo, que também não sabe para que lado o rio corra, ou seja, não é oposição de fato ao projeto de reeleição de Câmara nem tem a certeza de que Armando consiga agregar forças de centro-direita para montar uma chapa competitiva. Bruno quer ser senador, mas devido à falta de clareamento do quadro nacional, não enxerga se o caminho mais próximo seria abraçar-se ao PSB ou a Armando.
O DEM, por fim, sonha em ter Mendonça Filho disputando o Governo do Estado, mas o partido está isolado, só elegeu um prefeito e Priscila Krause, a estrela da legenda para fisgar o voto urbano concentrado no Recife e Região Metropolitana, não teve desempenho satisfatório na disputa pela Prefeitura da capital, em 2016. Armando gostaria de atrair Mendonça para à disputa ao Senado, mas a cabeça do ministro da Educação se move em direção ao Palácio das Princesas. Não dando certo, a reeleição de deputado federal, para ele, seria mais confortável.
Desgarrado do PT, com quem se aliou em 2014 e 2016, Armando dá margem para o partido construir voo solo numa majoritária. Este é o cenário mais provável para os petistas, que já têm uma candidata na cabeça: a vereadora Marília Arraes, líder da oposição na Câmara do Recife. Ex-PSB, brigada com a família Arraes e com o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, Marília só tem a lucrar entrando na disputa e por cima ainda contribui para o partido recuperar espaço na Câmara dos Deputados, com as candidaturas de João Paulo e Humberto Costa, os mais competitivos.
Além desses fatores locais, os nacionais se sobrepõem. A crise está no seu ápice, não se sabe se o presidente Michel Temer terá gorduras suficientes para queimar por mais tempo. As alianças dependerão, igualmente, de um projeto de reforma política, que tende a não andar por falta de tempo. O que se diz em Brasília é que se houver alguma mudança nas regrais atuais seriam o fim das coligações, a exigência da cláusula de barreira e a criação do fundo de financiamento eleitoral. Outra expectativa diz respeito ao distritão, que fragiliza os partidos e a acaba as coligações, estabelecendo como regra a eleição dos proporcionais mais votados.
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