Entre os veículos que trafegavam pela mesma rodovia, avançava, como uma sombra sinistra, um dos (muitos) potenciais carros-bomba que ameaçam quase silenciosamente o trânsito brasileiro todos os dias. Literalmente um carro-bomba. O caminhão-tanque, transportando 44 mil litros de álcool, não cumpria naquela tarde de domingo os requisitos fundamentais de segurança: a mensagem no seu painel acusava com clareza uma falha no sistema de freios. Mesmo ciente da falha, mesmo ciente de que a falha afetava um dos sistemas mais delicados do veículo, mesmo ciente de estar carregando consigo uma bomba potencial, o motorista decidiu, como decidem tantos outros em situações semelhantes, continuar a viagem – como uma sombra sinistra, silenciosamente ameaçadora.
Quando o motorista perdeu o controle do caminhão e bateu contra a mureta de proteção, aquela explosão – que jamais poderia ter acontecido se as responsabilidades básicas tivessem tido importância – engolfou, num inferno de fogo e horror, nada menos que doze veículos. E era em um daqueles doze veículos que a viagem de volta para casa de um pai, de uma mãe e da filhinha de 17 dias foi abortada criminosamente.
Mas alguns heróis ainda tiveram tempo e espírito para, do meio do inferno, lutar milagrosamente pela vida naquela tarde que não podia, jamais, terminar daquele jeito.
Imagens de câmeras de segurança de um restaurante à beira da rodovia federal BR-277 mostram o instante em que um homem arranca e atira seus sapatos em chamas ao meio da pista e, segundos depois, é tragado pelas labaredas assassinas.
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