Segundo o site https://www.folhape.com.br/noticias: Cerca de 533 mil cubanos chegaram aos Estados Unidos, um número equivalente a 4,8% dos 11,1 milhões de habitantes do país
No meio de uma inflação galopante, bem como o colapso da produção agrícola e uma lenta recuperação do turismo em seu país, a jovem de 30 anos partiu em agosto desiludida com o rápido deterioro da situação econômica.
— Era muito difícil resolver e satisfazer as necessidades básicas, não havia nada, o problema dos apagões era insuportável e o da comida, o preço do dólar subia sem parar —, diz a esta comerciante independente à AFP, desde Miami, onde chegou em novembro.
Como muitos de seus compatriotas, Elsa voou para Manágua e de lá percorreu um caminho arriscado de cerca de 3.000 km até chegar à fronteira dos Estados Unidos.
A Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos divulgou no sábado que em 2023 registrou mais de 153.000 entradas irregulares de cubanos em seu país. Outros 67.000 voaram diretamente para território americano através do programa conhecido como Parole, implementado há um ano pela administração de Joe Biden. Juntamente com os mais de 313.000 que entraram ilegalmente em 2022, isso "representa o maior número de migrantes cubanos já registrado em dois anos consecutivos desde o início do êxodo cubano pós-revolucionário em 1959", diz Jorge Duany, diretor do Instituto de Pesquisas Cubanas da Universidade Internacional da Flórida.
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Em dois anos, pelo menos 533.000 cubanos chegaram aos Estados Unidos, um número equivalente a 4,8% dos 11,1 milhões de habitantes. Isso, sem contar as entradas com outros tipos de vistos para os quais não há números oficiais disponíveis.
Uma perda substancial
A esta onda migratória precedem apenas a do Mariel, na década de 1980, quando 130.000 cubanos partiram, seguida pelos "balseros" em 1994 com 35.000 e a fuga por razões políticas entre 1960 e 1963 de 300.000 no início da revolução.
Nos últimos dois anos, "muitos jovens com níveis educacionais e ocupacionais elevados" se foram, o que "representa uma perda substancial de recursos humanos" para Cuba, que tem uma das populações mais envelhecidas da região, acrescenta Duany. A América Latina e a Europa também são destinos para dezenas de milhares de cubanos, no entanto, não há uma cifra oficial global.
Por exemplo, 36.574 cubanos pediram refúgio no México entre 2022 e 2023, enquanto pelo menos 22.000 entraram no Uruguai e centenas chegaram ao Chile, de acordo com números oficiais desses três países consultados pela AFP.
Radibel Peña, um carpinteiro de 28 anos, voou em abril de Havana para Georgetown, na Guiana, que não exige visto para cubanos. Depois, passou pelo Brasil e entrou ilegalmente na Bolívia, de onde entrou ilegalmente no Chile em maio.
— Aqui tem de tudo. Trabalhando dignamente, se vive bem —, diz à AFP em Valparaíso, no centro do Chile, onde trabalha na construção mesmo sem documentos migratórios. Intolerância
A saída em massa começou em novembro de 2021, quando a Nicarágua, aliada de Cuba, eliminou o requisito de visto para cubanos. Uma válvula de escape para a ilha mergulhada em sua pior crise econômica em três décadas.
Em 2023, também houve um tráfego incomum de voos fretados carregados de migrantes cubanos para Manágua, um fenômeno que levou Washington a sancionar em novembro essas empresas aéreas.
Na Europa, a Espanha é um dos destinos favoritos dos cubanos, especialmente após a aprovação, em 2022, da chamada lei de netos, que permite obter a nacionalidade aos descendentes de espanhóis.
Marco Antonio Nápoles Álvarez, um garçom de 24 anos da província de Holguín, espera viajar para Madrid em março com sua irmã, depois de obter seu passaporte espanhol. "Estamos planejando nos instalar lá para ver se nos saímos bem", diz na saída da embaixada com o passaporte espanhol na mão.
Enquanto isso, Raúl Bonachea, um dramaturgo de 35 anos, ficou em Madri em setembro com um visto de residência artística.
— Foi a oportunidade que tive para sair — , diz à AFP, reclamando que na ilha ele tinha que ter até seis empregos para cobrir os gastos básicos e desapontado com a "intolerância" em seu país governado pelo Partido Comunista de Cuba.
Ele diz que sua obra "Ifigenia" foi censurada, um clássico que ele reinterpretou com o tema da migração.
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