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"Espero que a justiça seja feita", diz passista que perdeu braço ao se internar para operar mioma

26 de abril de 2023

/ by visao surubim

 Segundo o site https://www.folhape.com.br/noticias: Passista, que já passou por três hospitais desde fevereiro, aponta que erro médico teria acontecido em hospital de São João de Meriti onde foi submetida a uma primeira cirurgia para a retirada do mioma.

A cabeleireira e passista da escola de samba Acadêmicos do Grande Rio Alessandra dos Santos Silva, de 35 anos, que teve parte do braço esquerdo amputada e o útero retirado após se internar para operar um mioma, retornou ao Hospital Municipal Souza Aguiar, na tarde desta terça-feira (25), para uma consulta de revisão de outro procedimento, realizado na barriga.

A paciente acusa o Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, onde foi submetida a uma primeira cirurgia, para a retirada do mioma, de erro médico. Após complicações no pós-operatório ela foi transferida para o Instituto de Cardiologia Aloísio de Castro, em Laranjeiras, onde teve o membro superior amputado.

Depois, ainda foi levada para o Souza Aguiar onde permaneceu por um mês, de 4 de março a 4 de abril, para tratar de uma infecção na barriga, segundo ela, resultado o primeiro atendimento no hospital da Baixada.

— Vim fazer revisão (do procedimento na barriga). Graças a Deus agora está tudo bem, mas tem sido tudo muito difícil. Só espero que a justiça seja feita — disse Alessandra.

Ao ser informada de que o médico que a atendeu no Hospital da Mulher negou que tenha cometido erro ao ser ouvido na 64ª DP (São João de Meriti), a paciente disse que o tempo dirá com quem está a razão.              — Vamos aguardar. Não tem como não ter sido erro médico. Está claro isso — apontou.

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Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde informou que Alessandra tinha 17 miomas e que seu caso era muito grave. Ela passou por cinco cirurgias, e a família foi informada sobre a necessidade da amputação parcial do membro superior esquerdo a fim de preservar a sua vida. Leia, mais abaixo, a íntegra da nota da Secretaria.

A passista, que tem 1,83m de altura, está andando curvada e com dificuldade. Ela chegou ao hospital acompanhada da mãe, Ana Maria. Alessandra disse que não pretendia tornar público o seu caso, mas resolveu fazê-lo para encorajar outras pessoas que passam pela mesma situação.                                                                                                        — As pessoas precisam ter coragem para falar. Se todos fizerem isso, essa coisa vai acabar. Esse tipo de erro destrói sonhos e destrói vidas — disse.

A Secretaria de Estado de Saúde argumenta ainda que a equipe da ginecologia do Hospital da Mulher definiu "em conjunto com a paciente, esclarecendo prós e contras", o procedimento necessário no caso. Essa versão é contestada por Alessandra:

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— Como disse o tempo todo que queria ser mãe, o médico disse que faria de tudo para preservá-lo. Perguntei se havia outro risco (além de perder o útero), mas ele alertou apenas que poderia haver sangramento. A única coisa que me disseram sobre risco foi isso. Agora, de perder o braço ninguém falou nada. Se disseram algo desse tipo é mentira. Não havia como dar complicação nenhuma porque não sou alérgica a medicamento nenhum — relatou Alessandra, que disse ter conversado com um único médico.                                                                                                            Segundo a passista, o único alerta que a ginecologista do hospital fez é de que ela estava com um mioma muito avantajado e isso ela já sabia. Por esse motivo estava querendo fazer a cirurgia. Contou ainda que todos os exames de risco cirúrgico foram feitos no Hospital da Mulher.

O Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) informou em nota que "abriu uma sindicância para apurar os fatos narrados" após tomar conhecimento do caso pela imprensa.

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Cronologia do pesadelo                                                                                  Agosto de 2022: Alessandra descobre miomas no útero, e médico indica cirurgia.

30 de janeiro: Passista recebe ligação do Heloneida Studart marcando a operação.

3 de fevereiro: Alessandra é operada de manhã. À noite, uma hemorragia é detectada.

4 de fevereiro: Hospital avisa que fará histerectomia total, ou seja, a retirada completa do útero.

5 de fevereiro: Passista é intubada e está com pontas dos dedos escuras e pernas e braços enfaixados.

6 de fevereiro: Transferência para o Instituto Aloysio de Castro, onde médicos falam do risco de necrose no braço.

10 de fevereiro: Médicos explicam que, se braço não for amputado, Alessandra morre. Família autoriza.

15 de fevereiro: Passista recebe alta.

4 de março: Internação no Hospital Fernando Magalhães e transferência para o Souza Aguiar.

4 de abril: Alessandra recebe alta

Nota da Secretaria de Estado de Saúde

"A paciente Alessandra dos Santos Silva teve seu primeiro atendimento na emergência do Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart em 21/07/2020, sendo realizada ultrassonografia, que constatou quadro de miomatose uterina múltipla. Ela foi encaminhada para acompanhamento ambulatorial.

Em novembro de 2022, ela retornou ao ambulatório de ginecologia do hospital, sendo indicada cirurgia para retirada de 17 miomas. Em dezembro, a paciente passou por consulta e exames para risco cirúrgico. Ela teve que realizar uma transfusão sanguínea devido ao quadro de anemia gerada pela miomatose.

Em 2 de fevereiro de 2023, a paciente é internada para cirurgia, sendo necessária a realização de nova transfusão sanguínea pré-operatória. A equipe médica esclareceu sobre a complexidade do procedimento e ela assinou termo de consentimento para a cirurgia.

Em 3 de fevereiro, às 14h, ela foi submetida à cirurgia para retirada dos 17 miomas, com preservação do útero, ovários e trompas, numa tentativa de respeitar seu desejo de engravidar.

Às 00h10 do dia 4, Alessandra começou a apresentar complicações clínicas que levaram a um novo procedimento cirúrgico para conter sangramento no local da cirurgia. A paciente foi então submetida à histerectomia (retirada do útero). Após o procedimento, ela foi encaminhada ao UTI para continuidade do tratamento do choque hemorrágico, sendo administradas altas doses de aminas vasoativas, que provocam o estreitamento dos vasos sanguíneos para manter a pressão arterial. Um dos possíveis efeitos adversos desta medicação é a oclusão vaso arterial, que leva à redução do fluxo sanguíneo, podendo levar à necrose das extremidades do corpo.

Em função da piora clínica do quadro, com hipotensão grave, às 14h do mesmo dia, Alessandra retorna ao centro cirúrgico, sendo submetida ao terceiro procedimento para investigação de possível novo sangramento. Ela retorna à UTI em estado grave.

No dia 5 de fevereiro de 2023, foi observado que as extremidades do corpo de Alessandra estavam frias e arroxeadas. A equipe enfaixou os membros da paciente para melhorar a circulação sanguínea. Foi realizado doppler, que constatou obstrução arterial no braço esquerdo.

Constatando a obstrução de artérias do antebraço esquerdo, a paciente foi estabilizada e transferida para o Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (IECAC), centro de referência em cirurgias cardiológicas e vasculares. A gravidade do quadro de saúde e a necessidade de transferência foram informadas aos familiares.

Em 6 de fevereiro de 2023, a paciente foi submetida ao quarto procedimento cirúrgico para desobstrução das artérias. Permaneceu internada no CTI em estado grave, tendo evoluído para insuficiência hepática e renal e distúrbio de coagulação grave.

No dia 10 de fevereiro, permanecendo em estado grave e sedada, a família foi informada sobre a necessidade da amputação parcial do membro superior esquerdo a fim de preservar a vida de Alessandra. Seus pais assinaram termo de consentimento para esse procedimento cirúrgico.

Foi então submetida à quinta cirurgia, para amputação parcial do membro superior esquerdo. Seguiu em acompanhamento na CTI, com melhora progressiva até a alta hospitalar em 16 de fevereiro. Na mesma data, ela foi orientada e seus pais contatados para retornar para acompanhamento no ambulatório de ginecologia no Hospital da Mulher.

A Fundação Saúde se solidariza com a paciente e sua família e ressalta que Alessandra foi atendida durante todo seu período de internação por especialistas e tendo acesso aos tratamentos e medicamentos necessários para a preservação da sua vida.

A Fundação instaurou sindicância para apurar toda a conduta médica e administrativa nas duas unidades de saúde".    

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