Segundo o site https://www.folhape.com.br/noticias: Em fevereiro de 2023, a Capital pernambucana acumulou mais que o dobro da chuva esperada
O mês de fevereiro deste ano foi um dos mais chuvosos da história do Recife. Dados da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) mostram que a estação pluviométrica Alto da Brasileira, na Zona Norte da capital pernambucana, registrou, nos 28 dias do mês, 293,1 milímetros de precipitação.O volume é o maior dos últimos 14 anos. Em 2009, a mesma estação, que pertence à Apac, acumulou 308,7 milímetros.
Considerando os dados desde 1999, de quando há registros da estação Alto da Brasileira, fevereiro de 2023 foi o segundo mês mais chuvoso na Capital pernambucana - perde justamente para fevereiro de 2009.
No ano passado, o índice foi muito menor: 84,8 mm. O fevereiro com a menor quantidade de chuvas entre 1999 e 2023 é o de 2011, quando foram notificados apenas 5,6 mm na estação.
A média histórica para o mês de fevereiro no Recife, segundo a climatologia da Apac, é de 144,2 mm. Ou seja, em fevereiro de 2023, a capital acumulou 203% mais de chuva que o esperado.
Em alguns dias do mês, o alto índice de precipitação causou transtornos, como pontos de alagamentos e engarrafamento.
Também em fevereiro, uma equipe do governo dos Países Baixos veio ao Recife para estudar a cidade. Em junho do ano passado, após as fortes chuvas que deixaram dezenas de mortos na cidade, o prefeito João Campos solicitou ajuda do país europeu, referência mundial em gestão de água.
Os cinco dias mais chuvosos de fevereiro de 2023 com índices apurados na estação Alto da Brasileira foram:
De acordo com o meteorologista da Apac Thiago do Vale, o Oceano Pacífico determina como o clima do globo vai se comportar. No oceano, há a ocorrência de dois fenômenos climáticos: El Niño e La Niña (o menino e a menina, em espanhol, respectivamente). "O El Niño inibe chuvas no Nordeste e o La Niña, favorece. Este ano, o La Niña está enfraquecendo, mas em fevereiro continuou com suas influências", explicou. Já no Oceano Atlântico, que banha o litoral pernambucano, as temperaturas da superfície estão acima do normal.
"Essa combinação de La Niña com o oceano quente favorece chuvas em formas de pancada e essas pancadas podem vir com intensidade", completou o meteorologista. As chuvas do início do mês e da semana antes do Carnaval em fevereiro no Recife foram causadas justamente por causa dessa combinação de fatores.
Thiago do Vale ressalta, ainda, que as chuvas se formam a partir do vapor de água que vem do oceano e, como a água está mais quente, há mais umidade. "As nuvens que são formadas quando o Atlântico está mais aquecido têm mais energia e causam mais precipitações".
A mudança da incidência de chuvas em um determinado mês entre os anos é causada por um fator conhecido como variabilidade climática. "As variabilidades ocorrem basicamente de acordo com o período e com várias condições, sejam dos fenômenos climatológicos que ocorrem localmente ou com outros sistemas", detalhou Thiago do Vale.
O La Niña está em fase final e de neutralidade. A expectativa é de que em março não haja mais influência do fenômeno no Pacífico. Já a anomalia de temperatura no Atlântico Sul deverá crescer, e o oceano, ficar mais quente.
A previsão climática para o próximo trimestre, de março a maio, indica que as chuvas no Recife devem ser entre o normal e acima da média. Em abril, inclusive, começa o período da quadra chuvosa, época do ano em que mais chove na cidade. O que é 1 mm de chuva?
Um milímetro de chuva é uma medida de volume que corresponde ao tamanho da lâmina d´água em um metro quadrado.
"Se você pegar uma caixa com 1 metro quadrado e colocar 1 litro de água, a lâmina d´água vai ter um milímetro. Se colocar 100 litros de água dentro dessa caixa, você vai ter uma lâmina d´água de 100 milímetros", ensina Thiago do Vale.
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