Segundo o site https://www.folhape.com.br/noticias: Na terça-feira (28), três mulheres foram vítimas de importunação sexual na instituição
“Os casos de assédio são frequentes. É uma coisa tão rotineira que toda vez que a gente está aqui, convive com esse medo”. Esse é o relato da estudante do 3º período de psicologia Lyvia Pessoa, de 21 anos, que estuda no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Entre os estudantes, o medo e a falta de segurança são diários ao frequentar o local. Na terça-feira (28), três mulheres foram vítimas de importunação sexual na instituição. O homem suspeito pelo crime teria importunado duas estudantes de artes visuais e, em seguida, registrado imagens de uma estudante de educação física amamentando a filha em um seminário no CFCH. Insegurança diária
Os estudantes relatam os frequentes casos de importunação sexual e outros crimes dentro da instituição, principalmente no prédio do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH). Os crimes, em sua maioria, são realizados por pessoas de fora da universidade. A estudante de psicologia Lyvia Pessoa, relatou que, no começo do ano, houve dois casos de importunação sexual no prédio. Um homem desconhecido estava escondido no banheiro e filmou uma mulher.
Ela destacou que no Centro de Artes e Comunicação (CAC), existe uma equipe de segurança maior em comparação com o CFCH. “O CFCH é o prédio mais alto e mais amplo da Federal inteira, e eu tenho aula em outros prédios como o próprio CAC e a gente vê que lá existe uma equipe de segurança maior, existe uma vigilância maior de quem entra e quem sai, porque nem sempre as questões das catracas é viável, mas que se tenha mais essa tentativa de controle e da segurança mesmo”, destacou. “Eu não sou daqui de Pernambuco e, às vezes, já parei para pensar se foi uma boa escolha eu ter vindo para a UFPE por conta dessa falta de segurança. Será que eu vou voltar para casa intacta todos os dias? É algo que também é falado na semana de recepção dos calouros, que muitos alunos acabam desistindo do curso por conta da questão da segurança”, reiterou a aluna. O estudante do 3º período de psicologia, Diogo Alves, de 20 anos, também relatou o sentimento de insegurança de quem frequenta o campus Recife da UFPE. Ele destacou que não encontrou nenhuma câmera de segurança no prédio do CFCH e nem uma quantidade numerosa de guardas ao longo da universidade.
“A situação está um pouco complicada, não é a primeira vez que houve um caso de assédio no CFCH. Foi um caso de assédio que aconteceu durante o dia e é perigoso. Frequentemente as pessoas entram aqui no prédio, não tem ninguém que verifique se essas pessoas são estudantes, se estão matriculadas em algum curso”, disse. A também estudante de psicologia, Gabriella Felix, de 22 anos, declarou que não existe uma regulação de quem entra e quem sai do prédio. Além disso, a estrutura não favorece a boa visualização das coisas que acontecem, com locais mais afastados e corredores horizontais.
“Não só pessoas que vêm de outros cursos, mas pessoas que não estão vinculadas à UFPE, podem acabar entrando, e isso já aconteceu logo quando eu comecei no curso. É muito fácil subir as escadas e ter acesso aos banheiros e a maioria das portas não têm trancas, não tem uma vigilância em torno dos banheiros em muitos andares, então a gente fica sem saber se tem mais alguém de fora, principalmente no banheiro”, disse a estudante. Segundo funcionários que trabalham no prédio do CFCH, os casos de assédio são provenientes do descaso de controle de acesso ao prédio e por não haver uma identificação para entrar no local. As pessoas têm livre acesso para transitar em todos os andares, e a presença não é questionada. No prédio do Centro de Informática (CIN), por exemplo, a entrada é feita mediante passar por uma catraca com crachá de identificação. O local é o único centro da universidade que realiza esse método.
Além disso, em alguns prédios isolados, como o de oceanografia, o crachá também é solicitado. Já no CAC, o porteiro para e pergunta para onde a pessoa vai.
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O que diz a UFPE?
Ainda segundo a universidade, a mudança da localização da guarita de segurança tem como objetivo mudar a forma de acesso ao prédio, já que atualmente os seguranças ficam na área lateral e quem entra, não passa por eles.
Com relação à instalação de catracas e a apresentação de crachás na entrada do CFCH, ainda não se tem, até o momento, uma mudança nesse sentido. Para que isso ocorra, é necessário um consenso por parte do conselho do prédio.

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