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Áreas industriais e de agricultura têm maior teor de contaminação do solo por metais pesados em PE, diz estudo

20 de fevereiro de 2019

/ by visao surubim
Segundo o site https://g1.globo.com/pe/pernambuco:
Resíduos da indústria e fertilizantes são contaminantes potenciais. Agreste e Zona da Mata são localidades mais afetadas no estado, segundo pesquisadora cubana.
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) mostra que áreas industriais e de agricultura têm maiores teores de contaminação por metais pesados no estado. Segundo o estudo, regiões como o Agreste e a Zona da Mata têm os mais altos níveis de contaminação. (Veja imagem abaixo)
A pesquisa resultou na tese de doutorado da cubana Zahily Herrero Fernandez, que desenvolveu o estudo durante cinco anos. Ele foi idealizado após a realização de um projeto que analisava o estoque de carbono no solo do estado, feito pelo Departamento de Energia Nuclear da UFPE, no Campus Vitória, na Zona da Mata Sul do estado. A partir de então, os pesquisadores descobriram a necessidade de analisar os metais pesados, já que não havia estudos sobre o tema no estado. Segundo Zahily, foram analisados quatro tipos de solo. "O primeiro é a caatinga aberta; o segundo, caatinga virgem; o terceiro é aquele usado para a agricultura e o quarto, para pastagem de animais. Isso porque principalmente esses dois últimos são mais influenciados pela ação do homem, já que são irrigados. Os dois primeiros seriam o solo 'natural’, com menor interferência", afirma a pesquisadora.
Mapa mostra regiões contaminadas por metais pesados em Pernambuco — Foto: UFPE/Divulgação                                  
Ao todo, para a pesquisa, foram coletadas 316 amostras de 92 pontos diferentes do estado. Entre os materiais mais encontrados no solo pernambucano, estão metais como níquel, chumbo, zinco, estrôncio, manganês, cálcio, magnésio, titânio, potássio, ferro, alumínio e silício.             As amostras foram analisadas em quatro tipos de profundidade, até 40 centímetros abaixo da superfície. O solo pernambucano foi agrupado como Classe 2, de acordo com os critérios do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). A classificação vai até o nível 4 e sobe de número em função da qualidade dos solos e da concentração de substâncias químicas.
"A classificação ocorre porque a concentração de níquel, chumbo e zinco foram maiores que os valores de referência de qualidade, mas menores que os valores de prevenção. Notamos que a agricultura e a pastagem influenciam bastante no conteúdo dos metais no solo. Nas profundidades analisadas, a superfície é a mais contaminada, porque é a que tem mais contato com a ação humana", diz a cubana.
   
Atividade econômica                                             Segundo Zahily, as regiões do estado que apresentam os maiores níveis de contaminação por metais pesados são as que são utilizadas para o cultivo de cana-de-açúcar na Zona da Mata. Nesses locais, há maior incidência de elementos como alumínio, níquel, chumbo e zinco. Em outras culturas, foram encontrados metais como manganês, silício e estrôncio.
"O estudo não acaba na classificação, até porque cada solo tem suas características próprias. É preciso analisar o que seria o ideal para o solo de Pernambuco e desenvolver técnicas para que a contaminação por metais não afete a população humana, especialmente o níquel, chumbo e zinco", explica a pesquisadora.
Ainda de acordo com Zahily, o uso de fertilizantes e o descarte de resíduos da indústria são alguns dos fatores que influenciam diretamente na qualidade do solo. "Isso tudo pode afetar a saúde do homem, caso os níveis de metais estejam muito altos. Na caatinga, que é um solo teoricamente natural, majoritariamente não encontramos problemas", declara.
 
Brumadinho e problemas de saúde                   Apesar de o solo pernambucano não apresentar níveis alarmantes de metais poluentes, de acordo com Zahily, o rompimento da barragem de rejeitos de minério da Vale em Brumadinho (MG
) pode ter efeitos na qualidade do solo pernambucano utilizado para a agricultura e pecuária.                               Uma pesquisa feita pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) em parceria com universidades brasileiras e Universidade de Toulouse, na França, aponta que a bacia hidrográfica do Rio São Francisco deve ser afetada pelos metais pesados presentes na água, por meio do desemboque do Rio Paraopeba, principal afetado pela lama de Brumadinho.
"Se a contaminação vem pela água, certamente os metais pesados presentes na bacia do Rio São Francisco passam para o solo por meio da irrigação. Esses materiais contaminantes não são biodegradáveis e continuam na cadeia alimentar. Da água, passam para o solo e para as plantas, animais e, então, humanos", explica.
Além da água, a contaminação por metais presentes no solo também pode ocorrer pela pele ou inalação. A pesquisadora alerta, ainda, para a necessidade de se desenvolver formas de tratamento da água que deem conta dos metais pesados que podem vir a contaminá-la.
"É preciso desenvolver filtros que separem melhor a água dos metais pesados. Essa contaminação é como uma bomba química, que age com o tempo. Geralmente não se veem os metais e eles podem passar despercebidos", diz.
   
   
  

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