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Essa gestante era uma das 18 mulheres que estavam na triagem da unidade. O setor é destinado a pacientes que dão entrada no centro de saúde e não permite a permanência de ninguém.
Além disso, durante a madrugada desta quarta, havia mulheres aguardando atendimento em cadeiras que ficam nos corredores. O Cisam, unidade do governo ligada à Universidade de Pernambuco (UPE), tem 120 leitos e todos estavam ocupados.
"Eu vim pra cá na segunda [2] sentindo dor, não consegui escutar o coração do bebê. Na terça [3], o doutor disse que ele estava morto e querem que eu tire do jeito normal. Não basta o sofrimento de ter perdido, anda tenho que ficar aqui esperando", conta a paciente Juliana Ferreira.
"Eu vim de Caruaru e estou com pressão alta, mas fico sentada aqui esperando, sem ter previsão de quando vão me chamar", relata a gestante Ayanne da Silva, grávida de 37 semanas de gêmeos. Outra foto enviada para o WhatsApp da TV Globo mostra duas mulheres cochilando com a cabeça sobre uma mesa do Cisam. O número de pacientes era três vezes maior do que a capacidade da maternidade, segundo estimativa da direção da unidade.
Ainda segundo a direção, a unidade de saúde atende 110 pessoas todos os dias, faz 14 partos e realiza 300 serviços ambulatoriais. Cerca de 70% das mulheres que passam pelo Cisam são de fora do Recife, de acordo com a direção.
Para o diretor do Cisam, Olímpio de Moraes Filho, a situação do Cisam da madrugada desta quarta-feira é um reflexo do problema da rede pública de saúde na área de obstetrícia. “É um drama crônico”, declarou.
Pacientes cochilam encostadas a uma mesa no Cisam, na Encruzilhada, no Recife (Foto: Reprodução/WhatsApp)
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Segundo ele, o problema já foi comunicado à central que regula os partos em Pernambuco. A direção do Cisam pediu auxílio, mas as outras unidades, de acordo com Olímpío de Moraes Filho, também estão sem vagas.
O médico destaca que, além das dificuldades estruturais, há um problema da falta de recursos humanos. “Precisamos de, no mínimo, sete obstetras. Temos três nutricionistas, mas necessitamos de 10 profissionais”, declarou.
O diretor da unidade afirmou que vai se reunir ao longo desta quarta-feira (4) com representantes da Secretaria Estadual de Saúde (SES) para tentar encontrar uma solução para o problema. “Precisamos contratar os profissionais que já foram aprovados em concurso, mas não há dinheiro”, observou.
Problemas
Em janeiro deste ano, um levantamento feito pela TV Globo mostrou que, dos 15 municípios da Região Metropolitana, sete fecharam maternidades nos últimos cinco anos. Nenhum bebê nasceu em hospitais das redes públicas municipais de Paulista, Igarassu, Itamaracá, Itapissuma, Araçoiaba e Moreno, em 2017. (Veja vídeo acima)
O número do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus) revela um problema no setor de obstetrícia no Grande Recife. O resultado disso é que as maternidades do Recife sofrem com a superlotação e as unidades de saúde que deveriam atender apenas casos de alto risco acabam recebendo a demanda de outras cidades.
Uma pesquisa feita pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) também mostra que, em cinco anos, Pernambuco perdeu 136 leitos de obstetrícia.
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