"Quando me apresentarem provas contra o bispo Barros, aí veremos. Não há uma única evidência contra ele. Isso é calúnia, está claro?", disse o Papa na ocasião. A declaração irritou as vítimas de Karadima, mas também provocou incômodo no ambiente da Igreja.
Por meio de uma nota oficial, o cardeal O'Malley afirmou que é "compreensível" que as palavras do Papa tenham sido fonte de "grande desprazer" para as vítimas de abusos sexuais por parte do clero. E mais: arriscam desencorajar novas denúncias de pedofilia.
"Palavras que passam a mensagem 'se você não pode provar suas denúncias, então não terá credibilidade' abandonam aqueles que sofreram violações repreensíveis de sua dignidade humana e relegam os sobreviventes a um exílio desacreditado", disse. O'Malley, contudo, fez a ressalva de que não pode explicar as palavras escolhidas por Jorge Bergoglio. "Mas o que sei é que o papa Francisco reconhece plenamente os enormes fracassos da Igreja e do clero que abusaram de crianças e o impacto devastador que esses crimes tiveram sobre as vítimas", contemporizou o arcebispo de Boston.
No entanto, ele fez um alerta: "Não podemos nunca subestimar o sofrimento que [as vítimas] enfrentaram ou curar totalmente sua dor". A postura progressista de Francisco em muitos temas já abriu disputas com alas conservadoras dentro da Cúria, principalmente por seu desejo de abertura a divorciados nos sacramentos católicos, mas é a primeira vez que ele ouve uma contestação tão direta de um aliado.
O "caso Karadima" abalou a imagem da Igreja Católica no Chile, e muitas vítimas acusam Barros de ter acobertado e até testemunhado os abusos. "Como se eu pudesse ter feito uma selfie enquanto Karadima abusava de mim com Barros em pé ao lado dele, vendo tudo", ironizou Juan Carlos Cruz, uma das vítimas do padre chileno. O bispo de Osorno nega as acusações.
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