Na avaliação do economista Emmanuel Skoufias, especialista em combate à pobreza e coordenador do estudo, a retomada do crescimento econômico deverá voltar a gerar oportunidades de ascensão social para a população mais carente. Ele adverte, entretanto, que a recuperação será sustentável apenas se houver equilíbrio nas contas públicas. “A austeridade não é culpada pelo aumento da pobreza”, afirma. “Sem o ajuste nas contas do governo, a pobreza poderia crescer ainda mais no futuro, porque o resultado de finanças públicas desequilibradas seria o aumento da inflação e das taxas de juros – e ambos esses fatores tendem a lesar mais os pobres do que os ricos.”
Skoufias deu a seguinte entrevista a VEJA:
O aumento da pobreza é um fenômeno transitório, devido à recessão, ou o processo de redução da pobreza atingiu um limite?

Os principais mecanismos para a redução da pobreza no Brasil, e em qualquer outro país, são mercados de trabalho saudáveis, com aumento das oportunidades e de salários.
A atual crise econômica provocou uma profunda redução de empregos, aumentando, consequentemente, a pobreza a partir de 2015. Contanto que o país consiga se recuperar e gerar novas oportunidades de emprego, esse fenômeno, no entanto, será algo mais transitório do que permanente. Para fazer isso de uma forma sustentável, o Brasil precisará de um novo modelo de crescimento que seja menos dependente de commodities, do crédito para estimular o consumo e da expansão dos gastos públicos.
O crescimento deverá ser baseado em iniciativas do setor privado, em investimentos e em uma melhora na qualificação da força de trabalho.
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