"Mesmo com todo o trabalho, é um milagre estarmos sem casos, pois não há como impedir que os visitantes entrem, principalmente nos fins de semana", disse a chefe de gabinete da prefeitura Beatriz Carvalho Martins.
Na mesma região, e a 190 km de São Paulo, Lagoinha, de 4.954 moradores, resiste ao vírus - que atinge com intensidade todas as cidades do entorno.
Além das barreiras que também a isolam, a prefeitura faz campanha para que as pessoas comprem no comércio local, evitando a saída para fazer compras em cidades maiores da região. A campanha deu certo. "As pessoas estão preferindo se abastecer por aqui mesmo para não correr risco, pois as cidades próximas estão com muitos casos", disse o comerciante Carlos Eduardo Coelho, dono de um mercadinho. Parte do comércio não essencial já reabriu.
Em Florínea, funcionários da prefeitura foram treinados para fazer máscaras e a proteção facial foi distribuída a todos os moradores. "Entregamos casa por casa, para que ninguém alegasse que não tinha, e reforçamos a fiscalização", comenta o secretário da Cultura, Ítalo Garcia. Ali vivem 2.676 pessoas, bem à margem do Rio Paranapanema, na divisa com o Paraná, a 484 km da capital. O rio atrai veranistas e pescadores. "Temos dois condomínios de chácaras que recebem turistas e adeptos da pesca esportiva nos fins de semana, mas fizemos um trabalho intenso com eles", disse Garcia.
Outro foco de preocupação é a penitenciária, onde cumprem pena 1.701 presos, mais que a metade da população. "Instalamos barreiras, fechamos o comércio, mas no presídio a ação do município é limitada. Felizmente o vírus não entrou lá", disse o secretário. Na fase laranja do Plano São Paulo, a cidade reabriu parte do comércio não essencial. Em Ribeirão Corrente, na região norte, a 420 km da capital, os 164 anos da cidade, em junho, passaram em branco. A prefeitura fez um apelo para que os 4.718 moradores a homenageassem ficando em casa.
Na quinta cidade, Cruzália, com 2.073 moradores, a história é um pouco diferente. Um homem apresentou sintomas e o teste deu positivo para o vírus. Mas como o paciente é de outro município a prefeitura decidiu não fazer a contabilização - e a cidade se mantém sem coronavírus.
"O morador procurou nossa equipe de saúde com sintomas de gripe. Fizemos o teste rápido e deu positivo, mas ele retornou a sua cidade. O caso é de lá", informou a prefeitura. Segundo o município, as pessoas que tiveram contato com o paciente foram contatadas e estão em isolamento preventivo.
Infectado
Até o início de julho, eram 12 as cidades ainda sem coronavírus no Estado. Em lugares onde todos se conhecem, a chegada do vírus assusta os moradores. Foi o que aconteceu em Jeriquara (4.873 habitantes), com o primeiro caso confirmado no dia 9.
O prefeito Eder Gonçalves (PSDB) fez live em rede social para tranquilizar a população, que exigia que o nome do infectado fosse revelado. "Imploro que mantenham o isolamento. Aqui todo mundo conhece todo mundo e um precisa cuidar do outro", disse Gonçalves.
No dia 2, em boletim extra, a secretaria da Saúde de Arco Íris (1.791 habitantes), anunciou o primeiro caso. "A paciente trabalha na área de saúde em Tupã, cidade próxima, e só vem a Arco Íris para dormir", disse a prefeita Ana Serafim (PTB). Como a mãe e duas crianças que vivem não pegaram o vírus, a prefeita decidiu pedir que no caso seja feito um novo teste. O município abriga 300 índios vanuíres, da etnia caingangue. Nenhum pegou o vírus.
Na segunda-feira, Nova Independência confirmou o primeiro caso entre seus 3.969 habitantes. Nesse mesmo dia, a prefeitura de Nova Canaã Paulista, onde vivem 1.881 pessoas, confirmou dois casos positivos e um óbito suspeito. No dia 13, foi a vez de Bonsucesso de Itararé confirmar o primeiro caso positivo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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