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Projeto 'Pretos no Enem' reúne voluntários para pagar taxa de inscrição de estudantes

7 de junho de 2020

/ by visao surubim
Segundo o site https://odia.ig.com.br/brasilEm três dias, a campanha já alcançou mais de 17 mil pessoas, entre os 'padrinhos', nome dado aos voluntários pagantes, e estudantesEstudantes negros devem entrar em contato no perfil do Pretos no Enem no Instagram ou através de e-mailBrasil - Através das redes sociais, jovens de diversos estados do país se mobilizaram para criar uma campanha para pagar a taxa de inscrição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de estudantes negros sem condições de efetuar o pagamento de R$ 85 cobrado pelo Ministério da Educação (MEC). Em três dias, o projeto "Pretos no Enem" já alcançou mais de 17 mil pessoas, entre os padrinhos, nome dado aos voluntários pagantes, e estudantes.
A ideia surgiu depois da podcaster cearense Lyara Vidal anunciar no Twitter que pagaria duas taxas de inscrição do Enem para ouvintes do podcast Indo e Voltando. "Eu dei o empurrão inicial na ideia, mas não esperava que fosse tomar essa proporção. Eu li uma matéria que falava que 300 mil pessoas não conseguiriam fazer o Enem por não pagar a taxa de inscrição, então me ofereci pra ajudar pagando o boleto de dois pretos ou pretas que me seguissem no Twitter, pois é o que cabia no meu orçamento", conta ela.
Na mesma campanha, o também podcaster cearense Luan Alencar, do Budejo, se mobilizou para criar o projeto. O jovem conseguiu um grupo inicial de cerca de 60 pessoas que se dispuseram a ajudar. Nem todos podiam pagar, mas ajudaram na procura de instituições, cursinhos populares e alunos, além da organizarem planilhas de padrinhos, gerenciamento de redes sociais e verificação de boletos.
"Criamos então um formulário para os voluntários preencherem, e em um dia já tínhamos conseguido 750 voluntários. Não tem líder. São 71 pessoas organizando de forma horizontal. Eu não conhecia a maior parte das pessoas e tem gente de todo lugar do país. Não imaginava que tomaria essas proporções", conta Luan.
MOBILIZAÇÃO DURANTE DISCUSSÕES ANTIRRACISTAS 
A mobilização para o pagamento da taxa do Enem para jovens negros se deu em razão do momento das discussões e de manifestações antirracistas nos Estados Unidos nos últimos dias após o assassinato de George Floyd, homem negro morto asfixiado por um policial branco. 
"Estamos no auge da discussão antirracista, nos perguntando o que a gente pode fazer para diminuir o racismo. E umas das questões é o acesso ao ensino superior. A taxa é muito alta e é um impeditivo para muita gente negra fazer a prova", afirma Lyara. 
Luan concorda com a amiga e diz que a intenção, na medida das nossas possibilidades, é tentar diminuir a desigualdade racial existente nas universidades. "Sabemos que o Brasil tem uma dívida histórica imensa com a população preta. Vivemos em um país que se livrou somente no papel, há pouco mais de um século, de uma escravidão de mais de 300 anos e nunca acertou suas contas com as vítimas desse regime. E acreditamos que uma das formas de tentar equilibrar um pouco essa balança é colocando pessoas pretas na universidade", explica ele.A jovem Nayara Oliveira, de 19 anos, é uma das pessoas que foi apadrinhada através do projeto. Moradora de Parque São Vicente, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, ela conta que quer prestar vestibular para Biomedicina e que conheceu o projeto por uma amiga. "Ela me marcou em uma publicação no Twitter que falava sobre o projeto, e logo me interessei. Foi uma oportunidade na minha vida. No início fiquei apreensiva por não conhecer a pessoa que me ajudaria, não sabia nem como chegar e mandar a mensagem. Mas fui lá mandei uma mensagem sincera e ele logo me respondeu e foi muito atencioso", conta ela.
Para o Enem, a jovem que nunca fez curso preparatório até então conseguiu vaga em um pré-vestibular social. Eles mandam as matérias online. Fora isso, ela assiste vídeos de aulas no YouTube.
COMO FUNCIONA
Os jovens interessados devem procurar através do perfil no Instagram do Pretos no Enem (@pretosnoenem) ou pelo e-mail pretosnoenem@gmail.com e contar brevemente sobre ele e a necessidade do pagamento da taxa. Eles fazem uma pequena avaliação, pedem para o estudante gerar o boleto no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), na qual é verificado o boleto para evitar fraude ou falha, e a partir disso é encaminhado para o padrinho. 
Os idealizadores do projeto contam que não são pedidos dados bancários e também não fazem nenhum tipo de transferência. "A orientação é o aluno enviar o boleto de inscrição, que consta lá como cedente o INEP. Nós consultamos nossa planilha, escolhemos o próximo voluntário da lista e enviamos para ele o boleto. Ele nos envia o comprovante e por fim entregamos o comprovante para o aluno", conta Luan.
Segundo eles, entidades já entraram em contato para ajudar fazer a ponte entre o estudante e os voluntários. Entre elas a UNE, UBES e a Central Única das Favelas (CUFA). "Além disso, estamos em comunicação com diversos cursinhos, escolas, professores e diretores", conta Luan. Além disso, clubes de futebol, como Bahia, Fortaleza e Ceará, se dispuseram a procurar jovens entre as torcidas. Famosos também já se manifestaram e decidiram ajudar, como Luciano Huck, Paola Carosella e a jornalista da Globo, Maju Coutinho. 
Além disso, professores, cursinhos e outros institutos educacionais que conheçam alunos negros também podem entrar em contato para conseguir ajuda aos estudantes. A última novidade do grupo foi a criação do site pretosnoenem.com, com todas as informações, tanto pra quem queira ajudar quanto pra quem queira ser ajudado. 
ENEM 
Na terça-feira passada, dia 2, o prazo para o pagamento da taxa de inscrição do Enem 2020 foi prorrogado em razão de cerca de 300 mil candidatos não quitarem os R$ 85. A informação foi divulgada pelo Inep, responsável pelo certame. Segundo o instituto, mais de 5,7 milhões de inscrições já estão confirmadas. 
"Estamos correndo contra o tempo, pois o prazo para o pagamento é até o dia 10 deste mês. Essa isenção deveria ser solicitada lá no site do MEC, mas muita gente foi recusada. Muita gente, inclusive, que não tem esse dinheiro numa época de pandemia", afirma Lyara. 
Segundo o Inep, está isento da taxa de inscrição, os seguintes estudantes. 
- Está cursando a última série do ensino médio, em 2020, em escola da rede pública declarada ao Censo Escolar.
- Cursou todo o ensino médio em escola da rede pública ou como bolsista integral na rede privada; além de ter renda, por pessoa, igual ou menor que um salário mínimo e meio.
- Está em situação de vulnerabilidade socioeconômica por ser membro de família de baixa renda que possua Número de Identificação Social (NIS), único e válido; além de ter renda familiar, por pessoa, de até meio salário mínimo ou renda familiar mensal de até três salários mínimos.

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